sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Cabelos ao vento, aniversário e corte no dedo.

Ando procrastinando bastante. O meu pequeno apartamento se transformou, em três dias, em uma bagunça completa. Não consegui fazer o que tinha planejado - parece que tenho sérios problemas relacionados ao cumprimento de tarefas - e agora vivo em um ninho de roupas, cercada por papéis. Quem entrar aqui vai pensar que não saio de casa há semanas. É uma homenagem aos meus pais, que disseram sentir saudades da minha bagunça. O problema é que o menino que vende as fichinhas da máquina de lavar não estava em casa no meu único dia livre de aulas e eu acumulei roupa suja. Agora não tenho mais meias, o que significa que vou precisar lavá-las na pia (ainda entupida) do banheiro e pendurá-las no aquecedor. Com alguma sorte, segunda-feira elas estarão secas, já que o banheiro não tem janela. Ai, dá-me paciência!

Indo ao breve relato da semana, então, para não perder o costume. Terça-feira foi um dia especialmente agitado. Pegamos, à tarde, dois ônibus e um Bahn para ir a uma loja gigantesca, onde se encontra de tudo. Compramos todos os ingredientes necessários para fazer comida mexicana para o aniversário do Matt. Muito tempo de distração e horas perdidas babando nos produtos incrivelmente baratos, pegamos o caminho de volta e colocamos a mão na massa. Eu, nos tomates. Atônita com a minha repentina habilidade com a faca, grande, novinha e afiada, me distraí por um segundo e arranquei um tampão do meu dedo indicador. Não senti dor na hora e fui para a pia lavar. Não sei de onde saiu tanto sangue. Mesmo com água corrente, a pia ficou inundada e completamente vermelha e não tinha papel suficiente para estancar. Juro que não é exagero. Tanto que eu fui ficando bamba, suei frio e precisei de meia hora deitada para me recuperar. O Matt foi em casa buscar alguns band-aids para mim. Nem preciso falar que eu fiquei morrendo de vergonha por estar morrendo em uma situação tão boba, né? Quer dizer, os meus velhos amigos conhecem a minha fraqueza e frescura, mas os novos não precisavam descobrir assim. Depois que tudo passou, saboreamos o jantar, cantamos parabéns com cupcakes cobertos de chocolate e descemos para o bar do prédio. Não sei que espécie de agitação me ocorreu, mas me fez dançar por horas a fio sem parar. Meu sangue latino (ou talvez o parceiro de dança) me transformou em uma exímia dançarina de salsa e recebi até aplausos. Quando voltei para casa, custei a dormir. Meu dedo doía horrivelmente, pulsante e quente. Intuitivamente, enrolei nele um lenço de papel e fui deitar. Quando acordei, o papel estava agarrado e, mesmo recorrendo à água morna, doeu muito para tirar. NUNCA façam isso se cortarem o dedo ou qualquer outra parte do corpo. É como depilar uma ferida. Santa burrice.

Quarta-feira foi, então, dia de ir à farmácia e receber das mãos da vendedora um desinfetante de pia ao invés de antisséptico, porque eu falei uma palavra errada. Foi engraçado. Para que ela pudesse entender o que eu queria, tive que mostrar para ela o meu lindo corte preto de sangue coagulado, ainda com um pedaço de pele pendurado (perdoem a descrição excessiva. Juro que não é para impressionar). Fora isso, não fiz muita coisa. Na volta para casa, encontrei uma garrafinha de água sem gás com o meu nome, que foi basicamente o ponto alto do meu dia.

Ontem, no intervalo da aula, segui a sugestão que vocês me deram e fui puxar assunto com o tão aclamado australiano-da-meia-rosa-choque. Gente, foi a melhor ideia do mundo! Acabei descobrindo que ele é, na verdade, ucraniano e mora na Austrália há dez anos. Ele fala inglês com o irmão, russo com a mãe e ucraniano com o pai, em casa. Quão bizarro é isso? Ele é de fato uma figura muito interessante (ontem uma meia era azul e a outra vermelha) e voltei para casa na garupa da bicicleta dele. Doeu o bumbum, porque o assento era de metal, mas foi algo que eu jamais imaginaria ao acordar em uma quinta-feira fria e preguiçosa. Um novo amigo, muita conversa sobre cinema e fotografia e viagens ao redor do mundo. À noite fomos ao Coyote, para um encontro dos estudantes estrangeiros, e ganhei uma bebida em nome da Universidade. Bailey's Colada: vodka, abacaxi, Baileys, creme de coco e creme de leite. Bebi rápido e logo engatei numa conversa longa com o Vladimir (o australiano), com o Matt e um cara do Cazaquistão. Fui embora cedo, para dar conta de acordar hoje a tempo de ir para a aula.

7 horas da manhã. Joguei a mão pesada no celular e, ao invés de selecionar "soneca", desliguei o despertador. Acordei, então, no susto, às 7:40, faltando 20 minutos para o ônibus passar. Virei um copão de leite, coloquei a primeira roupa que vi pela frente e sai correndo. Peguei o ônibus imediatamente e, com sorte, cheguei antes da professora. A aula hoje foi bem estimulante e eu fiquei feliz de não ter cedido à preguiça e à cama quentinha. Agora cá estou eu, ainda enrolando para arrumar mala e lavar a louça e os cabelos. Tudo que tem sabão tem me causado arrepios desde terça-feira, por causa do corte fundo no dedo. Como não pretendo aderir ao hábito europeu de não tomar banho todos os dias, tomo o meu com o dedo esticado para cima. É ridículo. Pareço criança.

Daqui a pouco saio para buscar o Ye, chinês do terceiro andar, para irmos juntos ao centro buscar um colchão na casa do Kravchenko (ou Vladimir) para eu dormir no apartamento da Michelle. Hoje vamos todos - eu, ela, Matt, Luke e John - dormir nos 16m² dela, porque amanhã cedo, precisamente às 4 da manhã, partimos para Munique, rumo ao Oktoberfest. Ela mora perto da estação e nós, da casa da floresta, não temos ônibus antes das seis da manhã. Acho que vai ser, no mínimo, divertido, apesar do desconforto. Mas, antes de dormir, vamos ao Brasil Nativo, bar brasileiro que vende coxinha de frango e guaraná. Hoje tem MPB ao vivo. Vocês podem imaginar a alegria da criança aqui. Bom, até segunda, quando voltarei com histórias recheadas de cerveja, Glühwein e salsichão (mesmo que dois desses ítens não pertençam à minha dieta).

14 comentários:

  1. tô numa semana de carência. meu comentário não vai ter nada a ver com o seu post (gogo australian boy!):

    tava olhando uns emails antigos e aí tem um que eu mandei pra vc com o seguinte anexo "Lindolindo.ppt". como todo powerpoint que a gente manda e recebe por email, pensei devia ser uma mensagem de auto ajuda muito brega (vergonha). mas daí vc respondeu um "Não poderia ter vindo em melhor hora" e eu fiquei pensando que valeu a espontaneidade. Eis um link com o arquivo pra vc lembrar e rir um pouco: http://tiny.cc/1bea8

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  2. menina que alegria :) conta mais, conta? comé que foi no bar brasileiro? tira uma foto de você com seus amiguinhos? e bebe por mim no oktoberfest! e manda foto?
    hihihi

    um beijo!

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  3. pede um beijo no seu dedinho que passa! ;)

    e que venha o Oktoberfest!

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  4. ahhahaha eu te disse pra nao se preocupar com a casa, joh! aproveita aí a vida! limpeza é pros fracos ;)

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  5. Hmmm... bebe o glühwein. aposto que nao há de se arrepender... =]

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  6. Você não me engana por meio segundo! Você usou foram meias sujas, ainda mais nos meios alemães, hahah!

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  7. O cara usa meias de cores diferentes só prá disfarçar. Já prestou atenção aos caninos dele?
    Vladimir é nome de vampiro! Cuidado hein?
    Bjs de saudades! Mamãe

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  8. Stela, não ensina coisa errada prá minha filha não!!! Vc não imagina a situação da pessoa aqui qdo a Joh está em casa. Ela não joga fora nem o papel da bala que chupa!!! Mamãe

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  9. Espero que vc se divirta muito no Oktoberfest!! :)

    Adorei a sua água! É incrível como a gente adora encontrar produtos com o nosso nome, né?! haha
    Ainda mais escritos exatamente como o nosso!!
    Bom, pelo menos era água! Uma coisa saudável! hahaha

    esse cometário foi muito estranho! :S

    ah, mas, vc me conhece bem... bjim!

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  10. Mamãe da Joh, tô ensinando coisa errada não! Jogar papel de bala pra mãe catar é FEIO, muito feio haahha mas deixar a casa num caos onde você consegue sobreviver é bom! Inda mais com um monte de coisa mais importante/interessante pra fazer, né não?

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  11. Olha a queimação de filme-me-me! Eu já arrumei o apartamento, viu, donas?

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  12. hahahahahahaha Eu dei gargalhadas rindo de algumas partes do seu post, mas agora não lembro mais quais são.. hehe Só quero saber que tipo de MPB tocou no bar brasileiro! =D

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  13. ô Joh, lembrei de vc pq minha casa chegou num nivel de sujeira-caos que eu fiz um faxinão ontem, em pleno domingo!! E JÁ TÁ TUDO SUJO DE NOVO! quero nem ir mais na cozinha, amanha vou tomar café na padaria hahaha

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