terça-feira, 3 de agosto de 2010

Das motivações iniciais

Há aproximados 16 anos, meu pai começou a viajar para a Alemanha a trabalho. Com isso vieram as fotos, os presentes, as histórias e os amigos alemães que vinham visitar esporadicamente e que também traziam fotos, presentes e histórias. Havia um porém: eu não entendia as histórias e ficava de orelha em pé, tentando descobrir o porquê de eles se comunicarem em códigos. Será que era pra eu não perceber que contavam segredos, como a inexistência do Papai Noel ou sobre como os bebês vinham ao mundo? Foi então que descobri que havia mais de uma língua sendo falada por aí. Era uma língua ruidosa, mas que abrigava grande parte dos mistérios da minha vida recém-começada. Obviamente, com o passar dos anos a minha paixão por histórias aumentou e a indignação por não compreender bulhufas do que era dito pelo meu pai a seus amigos visitantes também. Eu tinha que aprender aquilo.

Foi aos 12 anos que decidi ir para a Alemanha. Secretamente, confeccionava bijouterias meio fajutas, com miçangas coloridas, a fim de juntar dinheiro suficiente para que eu, um dia, pudesse ter a sorte de me lançar àquele mundo e decodificá-lo. Comecei também a fazer toalhas bordadas de vagonite para minha madrinha. Chega a ser engraçado como eu definitivamente NÃO tinha talento para isso e nem passava pela minha cabeça que todo esse esforço não chegaria perto de ser suficiente para conseguir o dinheiro que precisava. Foi então que resolvi contar para meus pais que queria ir para a Alemanha. Sábia decisão.

Comecei a estudar alemão aos 15, em uma sala cheia de universitários, engenheiros e advogados e a vontade só crescia.

Depois de muitos anos guardando dinheiro na poupança e prometendo viagens para o ano que vem (quem me conhece sabe quantas viagens eu sonhei), chegou a hora. Não vou morar em nenhuma cidade grande ou badalada. Não vou respirar cultura o tempo todo, como queria. Em contrapartida, vou ver pôneis na floresta e a fronteira com a França. Vou conhecer o sonhado e o jamais imaginado, simultaneamente. Vou aprender alemão e francês de verdade, vou morar sozinha e conhecer pessoas do mundo inteiro. Vou beber vinho bom por um euro, vou escrever muitas cartas e cultivar uma florzinha para enfeitar os meus 16m² em Saarbrücken (no prédio da foto abaixo). Quer coisa melhor?

9 comentários:

  1. hahahahahahahahahahaahahahaha Não sabia que era um sonho de tanto tempo atrás assim, que bonitinho JóóóóóH! Boa sorte aprendendo duas línguas! =P

    ResponderExcluir
  2. Cultive mangericao tb... eu tinha um nos meus 8m2
    e vou querer mandar cartinhas pra vc, e receber tb..

    ResponderExcluir
  3. caaartas! isso é genial! também quero!!

    ResponderExcluir
  4. Cartas, cartas, cartas! Acho que você é uma das poucas pessoas que partilhou essa paixão comigo! (depois me passa seu endereço e me ensina a mandar carta pra Alemanha, rs)

    ResponderExcluir
  5. e mais uma vez [milesima] BH se mostra um ovo! vc conhece a Larissa aí de cima de onde? ela estudou comigo no colégio!!

    e falando de Saarbrucken, vc conseguiu mesmo o ap individual né! qualquer coisa que eu quiser saber vou te perguntar - desculpa se ficar chata =P

    ResponderExcluir
  6. Pôneis! Pôneis! Acho que de London, London e de Paris estico até a fronteira teutônica, hein! Quero conhecer por dentro esse seu Líder! Ha!
    Beijos, Deine Vater!

    ResponderExcluir
  7. Ah, vai ver que tem cultura sim, apesar de nao ser nada badalado. e, depois de tanto tempo, estando lá na Alemanha, qualquer viagem pra qualquer outra cidade tá mais garantida... (:

    ResponderExcluir
  8. saudades reais dos seus textos.

    Se nós tem mandarmos umas mudinhas de flores pra cultivar no seu prédio, isso pode te complicar como contrabandista ou será que passa?

    ResponderExcluir
  9. também não sabia que essa história vinha de tanto tempo - muito embora tivesse bem na cara. :]

    cuidado com as expectativas. "Vou conhecer o sonhado e o jamais imaginado, simultaneamente." essa harmonia aí é o que vai garantir o tudo de bom que essa aventura tem pra ser - e deixar que alguma expectativa eventualmente frustrada bloqueie alguma surpresa eminente não ajuda nesse equilíbrio.

    dito isso, tô feliz por você, e sei que você, também, vai ficar mais e mais feliz por si mesma a partir de agora. ^^

    ResponderExcluir