terça-feira, 2 de novembro de 2010

Seis taças de vinho e nenhum copo d'água.

Quando, na escola, aprendemos sobre a função do título de um texto, a maioria dos professores se restringe a dizer que ele o resume. Eu me arrisco a dizer que ele não só sintetiza, como também retoma estrategicamente o ponto principal sobre o qual o autor deseja falar. Eu, através do título deste post, me revelo amante confessa de vinhos. Quando descobri que havia uma excursão promovida pela universidade por todo o estado e que, ao final, haveria prova de vinhos, quis de imediato me inscrever. É claro que a viagem não se limitou à última hora em que estivemos todos assentados degustando vinhos, mas o ponto alto do dia foi definitivamente esse. Conto, então, do princípio.

Acordei sábado às sete da manhã, lamentando muito não poder dormir mais. Tomei um café rápido, pois havia combinado de encontrar a Lud às sete e meia no térreo do prédio. Cheguei dez minutos atrasada e ela não estava lá. Fui até seu apartamento, bati na porta algumas vezes e ela não atendeu. Pensei, então, que ela já tivesse saído e fui sozinha para o ponto de encontro da excursão. No caminho, vi o sol nascer em uma fusão de cores, se levantando vagarosamente por entre as nuvens. Ao chegar à universidade, vi que a Lud não estava lá e fiquei me sentindo culpada por não ter insistido mais ao bater na porta. Além do mais, seria um pouco chato ficar sozinha o dia inteiro na excursão, já que todos estavam em grupinhos bem consolidados, falando em suas respectivas línguas maternas.


O nascer do sol na Universidade


Primeiro destino: Homburg. A cidadezinha fica próxima a Saarbrücken e é aonde se encontra o campus da Faculdade de Medicina. O que eu não sabia era que lá havia um museu romano ao ar livre. Não é lá grandes coisas, mas é sem dúvidas interessante estar em uma fundação arqueológica e tocar em construções erguidas pelos romanos há mais de 2000 anos.

Römer Museum - Homburg

Partindo de Homburg, fomos a Völklingen, a cidade que abriga um patrimônio cultural bastante inusitado. É o Völklingen Hütte, siderúrgica que se encontra interditada há mais de 20 anos. Eu não me interesso muito por isso de engenharia, mas não posso deixar de mencionar que a indústria é fascinante por seu tamanho. Seu contar que me lembrei do meu pai o tempo todo. Hoje em dia o Völklingen Hütte funciona como local para exposições de arte e é aberto para visitação de engenheiros/turistas curiosos. Chegando lá, a Lud estava nos esperando. Ela tinha dormido demais e pegou um ônibus até a cidade para nos encontrar. Isso me animou bastante.


Brincando de engenheira no Völklingen Hütte


Depois de Völklingen, fomos a Saarlouis, onde teríamos um tempo livre para almoçar. Nos juntamos com a Jana, que é eslovaca, a Raquel, da Bolívia e a Cathrine, da Dinamarca, e comemos no Burger King mesmo, para economizar tempo e dinheiro. A economia de dinheiro foi benvinda, mas a de tempo, inútil. Não havia muito o que fazer em Saarlouis, a não ser visitar umas ruínas que ficavam relativamente distantes. Logo, não tivemos tempo suficiente para irmos até lá sem que o ônibus fosse antes embora. De barriga cheia, quase sem mobilidade, nos dirigimos para o ônibus e ficamos conversando.

Brincando de ser rainha em Saarlouis

De lá, fomos a Orscholz, depois a Nennig e, por último, a Perl/Dreiländereck ("esquina de três países"). Preciso confessar que eu não sei o que fizemos em Orscholz. Nem sei se de fato desembarcamos lá. Acho que não, mas está no programa. Enfim. Em Nennig vimos um chão lindíssimo e enorme feito todo de um mosaico romano. Depois, fomos direto a Perl, um dos destinos mais esperados da excursão.

Römischen Mosaikbodens - Nennig

Em Perl, fronteira Alemanha-França-Luxemburgo, tem-se a vista mais linda do estado até agora: o Saarschleife. Do topo de uma montanha, pode-se ver a curva do rio e sua floresta colorida pelo outono. Foi de tirar o fôlego e ótimo para refrescar a mente.

Saarschleife

Depois de passarmos um tempinho admirando a vista do Saarschleife, a hora da degustação de vinhos chegou. Fomos recebidos em Perl, na Weingut "Herber", para experimentarmos os vinhos da região do rio Mosel. Por mais que as expectativas fossem altas, pensei que seria literalmente uma prova, com direito a cuspir o vinho e tudo mais. Ainda bem que não. Os vinhos eram deliciosos e vinham aos montes, o que significa que cada um, ao final, bebeu aproximadamente o conteúdo de uma garrafa. Não me orgulho de estar bebendo tanto, mas preciso confessar de aproveitei demais e me deliciei com cada taça. Os vinhos são maravilhosos e foram acompanhados de pimentões, de ótimos pães e queijos. Além disso, o pessoal da mesa estava super animado e conversamos bastante. Resultado? Um karaokê improvisado na viagem de volta. TODO mundo estava ligeiramente alterado e, por isso, todos cantamos uma música do nosso país de origem NO MICROFONE, em pé no ônibus, para todo mundo ouvir. Eu e a Lud cantamos "Garota de Ipanema" e recebemos muitos aplausos. É de fato incrível o que podem fazer algumas taças de vinho (e nenhum copo d'água).

Alemanha, Bolívia, Eslováquia, Inglaterra, França e Brasil.

Não se deixem enganar: ainda falta uma garrafa.

3 comentários:

  1. Confesso que no meio de tantos trabalhos e provas e entrevistas de emprego acabei perdendo o rumo de suas andanças... Mas, ri muito de você participando de uma excursão por todo o estado só para poder provar vinhos. Haha! ;)

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  2. Cada experiência te trará lembranças para o resto da vida... então veja tudo com os olhos do coração! Oh, só toma cuidado com tantas garrafas!!! Bj. Mamãe

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  3. Não tente me enganar..a garrafa da direita na foto é de água ou não é?
    Algum de vocês que não bebeu...talvez o motorista!
    A fronteira dos 3 países é de tirar o fôlego..!
    Ótima diversão, hein..?
    Bjos de seu Pai que te ama muito...

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