segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sobre o que ficou atrasado - e novas energias.

Ontem o sempre-tão-cinza céu de Saarbrücken me presenteou com um dia lindo. O sol brilhou até as quatro da tarde, destacando ainda mais um azul vibrante, quase sem nuvens. Eu, que nunca gostei de sol, consegui sair de casa sorrindo de orelha a orelha, cantarolando Chico Buarque no ônibus ("e me pego cantando, sem mais nem por quê"). E só então eu percebi que a semana tenebrosa relatada no post passado tinha servido para me fortalecer - e muito. De repente, senti crescer uma vontade enorme de curtir intensamente cada segundo que me resta aqui. Senti até vontade de prolongar o intercâmbio, pela primeira vez. Então, mesmo que o sol tenha ido embora muito rápido e que a chuva tenha voltado a reinar e que todas as folhas de quase todas as árvores já tenham caído, eu estou feliz. Feliz e na Alemanha, como eu sempre quis.

Voltando ao relato do que ficou atrasado, o fim de semana passado. O Jackson nos convidou para irmos conhecer a casa onde ele mora e a família alemã que o recebeu (tão bem). A casa fica em um dorf perto de Saarbrücken e para lá fomos eu, Lud, Allana e Ian, no sábado à noite. Chovia muito, para variar, mas isso não impediu a nossa jornada nem a alegria. Logo na chegada, duas travessas de lasanha da Maria nos aguardavam - uma delas feita para mim, sem carne. Achei uma gracinha! Comemos, conversamos e rimos bastante e depois fomos para uma reunião em um centro comunitário da cidadezinha. O Jackson havia dito que podia ser chato e só ter gente velha. O negócio é que os velhinhos, muito jovens, fizeram a nossa noite um episódio divertidíssimo. Ganhamos taças de champagne, garrafas de cerveja, muitos abraços e sorrisos e algumas danças. Voltamos para casa felizes e eu dormi imediatamente no sofá (aposto que existem fotos secretas desse momento tão singelo) enquanto os outros conversavam e bebiam.

No dia seguinte, acordei com muita dor de cabeça e não podia ser por causa das duas tacinhas de champagne. Não fazia sentido. Só mais tarde me dei conta de que era o primeiro dia de muitos de uma crise de enxaqueca. Passei o dia dividida entre dormir e ficar no silêncio de um quarto escuro ou me sentar à mesa com todos, comer bastante e rir. Escolhi ambos. Tomei um café da manhã caprichado, com geleias caseiras variadas preparadas pela Maria, voltei para cama. Acordei na hora do almoço para comer FEIJOADA. O Jackson fez o meu dia quando resolveu cozinhar feijão. Que saudades! Como dispenso a carne, comi arroz e feijão preto, assim, sem mais nada. E sorri feito boba, deu até calorzinho na alma. Nada melhor que um prato de arroz e feijão para voltar à casa por alguns instantes. Depois do almoço, dormi de novo. Acordei ainda com a cabeça explodindo e fui comer o bolo de maçã com chantilly no café da tarde. Ai, que maravilha alemã! Foi o paraíso. E... dormi de novo, até a hora de ir embora. Resultado? Minha cabeça melhorou um pouco, mas eu não preguei os olhos à noite. Paciência... Mesmo entrecortado por dores de cabeça, o fim de semana passado foi fantástico e eu me senti mais próxima dos meninos, além de ter conhecido uma família muito muito legal.





Quanto ao último fim de semana, só posso dizer, em resumo, que me diverti como nunca. Não parei em casa por mais de uma hora (a não ser para dormir). Sexta-feira fomos a Zweibrücken, debaixo de muita chuva, só para ver como era o Outlet de lá, com roupas de tudo quanto é marca imaginável, e não comprei nada, a não ser um muffin. À noite, conheci pessoas novas, provei um licor grego de anis e ervas e não gostei, saí para dançar, comi muito rigatoni e spaghetti e bebi vinhos italianos e alemães. Sábado assisti ao filme "O homem que copiava" (pela 3ª vez) no cinema, com legendas em alemão, e levei comigo muita gente boa, fiquei tonta com um copo de cerveja belga e ri muito. Prolongamos a noite em uma WG (espécie de república), vimos muitos vídeos imbecis e rimos mais um tanto. No domingo, visitei o Charly, a Gabi e o Christian, comi waffles caseiros, saí com um grupo de italianos que muito gesticulavam, e falhei miseravelmente ao tentar dançar em um clube de salsa. Andei, dancei e cantei na chuva, voltei a pé para casa muitas vezes e até agora sinto a minha perna pulsando, fabricando ácido lático. E foi assim, em um fim de semana que combinou cultura, esporte improvisado, pessoas engraçadas, bebidas interessantes, que me recuperei da enxaqueca e da ressaca emocional. É mais que certo dizer que agora uma nova fase começa. E que eu posso não querer ir embora.

7 comentários:

  1. tudo que precisava era se libertar do Brasil, por completo. ainda bem que essa liberdade veio a tempo de curtir os seus 3 meses restantes e quem sabe uma "alongadinha" que venha a acontecer. eu te amo e tô cansada de esperar dezembro! hahah chega loooogo Natal *-*

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  2. ♥♥♥♥♥♥♥

    agora voce nao vai mais querer voltar.... pode escrever o que eu to dizendo....
    e sim, pela primeira vez fiquei MUITO feliz com um post seu....

    meu coracaozinho esta dançando aqui, de saber que vc agora tah realmente aproveitando tudo a q sua alemanha tem a lhe oferecer.

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  3. Tudo bem,tudo bem... aconselhei o tempo todo prá aproveitar! Mas eu te peço : VOLTA PRÁ CASA!!!!
    E eu te aceito de volta gordinha!!! Porque depois de tanto comer... percebeu que vc mais comeu que teve enxaqueca?
    Mamãe

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  4. Depois de dias cinzentos o sol aparece!
    Conosco as coisas tb são assim filha...
    Que bom que vc está se sentindo melhor e mais solta!
    Fico feliz por vc...curta seus 50 % restantes aí, agora é morro abaixo, é reta de chegada!
    Te esperamos sim aqui de volta. Te queremos muito bem acima de tudo...

    Bjo do seu Pai

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  5. Que otimo Joh! Voce se encontrou com o Charly e o portugues dele como anda? São tantas pessoas de tantos paises que voce encontra, que é dificil acompanhar o nome dos seus amigos.

    Beijos

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  6. Eca! Feijão! Nem aí se foge disso!
    Divirta-se, fiota, e para com esse blá-blá-blá de ficar; isso aí não é lugar de ficar! Já há muito tenho dito: Só é bom ser estrangeiro no Brasil, assim que suas chances de ser estrangeira estão superadas!

    Ah, e quando o assunto é salsa, só se pode fracassar não tentando, que deve ter umas quatro pessoas que sabem mesmo dançar aquilo, hahah!
    Beijo!

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